domingo, 27 de novembro de 2016

Poetisas do sec. XVIII

Grupo:
Thaís Bastos
Julia Bitencourt
Ana Carolina Teixeira
Joelder Battista  

Biografia:

Delfina Benigna da Cunha
 
Poeta que viveu no período de transição entre o crepúsculo árcade e o germinar do romantismo. Delfina Benigna da Cunha nasceu na província de São José do Norte (RS), em 17/06/1791.
Era de família de boa cepa portuguesa e muito benquista na corte de D. Pedro I. Viveu parte da sua vida no Recife (PE) e no Rio de Janeiro (RJ), onde faleceu em 13/04/1857. Ficou cega aos vinte meses de idade, devido a uma virose, mas isso não a impediu de se engajar na vida e se dedicar aos estudos e à literatura, tornando-se poeta conhecida em seu tempo. Segundo a crônica, Delfina Benigna foi a primeira mulher a editar um livro de poesia no prelo rio-grandense: Poesias oferecidas às senhoras rio-grandenses, publicado em 1834. (in. D. Carvalho da Silva, Vozes femininas da poesia brasileira. SP, 1959).
Após a morte do pai, fica sem amparo econômico e é ajudada pelo Imperador. Atenta aos acontecimentos de sua época e fiel ao governo real, manifesta-se contra a Revolução Farroupilha (1835/1845) que eclode no Rio Grande do Sul. Foi por seu combate ao Movimento Farroupilha (redondilhas combativas que acusavam Bento Gonçalves, Garibaldi e seus farrapos de anarquistas), que ficou conhecida na época como Ceguinha. Devido a esse envolvimento político (e posterior vitória de Bento Gonçalves), viu-se obrigada a emigrar para o norte. Viajou por vários Estados, permanecendo alguns anos no Recife.
Em 26 de outubro de 1838, o Diário de Pernambuco publica a notícia de que o livro Poesias e Improvisos da poetisa Delfina Benigna estava à venda na loja de livros da Praça da Independência n° 37 e 38, pelo preço de 1.000 réis e que o motor da audácia com que a autora oferecia seus versos era a necessidade, pois precisava viver. Informava ainda que a poetisa era “um gênio raro na escola das musas, onde honra sua pátria e abrilhanta o sexo amável a que tão dignamente pertence”.
Referindo-se à sua poetisa, Guilhermino César define-a como impregnada de melancolia e tristeza. A musa da desgraça é que a inspira. Aqui e ali não deixa, porém, de fazer poesia de ocasião: conta batizados, bodas e mortes, tudo isso com um largo dispêndio de encômios a amigos e parentes, revelando aquele oportunismo lamuriento e pegajoso dos cegos. Faltando-lhe a visão do mundo exterior, volta-se sobretudo para dentro de si mesma, para o seu desamparo de mulher bela e inválida. (in. História da literatura do Rio Grande do Sul. PA, 1950).

Ildefonsa Laura César

Poeta reconhecida como a primeira mulher intelectual baiana, nasceu em Salvador (BA), em 1774 e faleceu em 1873, aos 99 anos de idade. Dedicada aos estudos de literatura, filosofia e línguas, foi professora e se preocupou especialmente com a orientação moral e intelectual dos jovens. Escreveu poesia e, em 1844, publicou o livro Ensaios poéticos (apontado como o primeiro livro publicado por uma mulher na Bahia). Ela foi muito bem recebida pela imprensa baiana (jornais: O Comércio e O Mosaico) e pelos louvores de figuras representativas, como o Dr João Barbosa. Ela escreveu também livros de reflexão didática. Sua poesia expressa os rastros de um arcadismo já sem força criadora, que coincide com as primeiras manifestações do Romantismo. Ela faz das pastoras o símbolo do ideal de vida simples e feliz, em contraste com a dor do viver de quem tem consciência dos da vida e da impossibilidade de felicidade plena. Suas publicações foram Ensaios poéticos, em 1844, e Lição a meus filhos, em 1854.
  

 
Principais obras:
  • ·         SONETO (Delfina Benigna da Cunha)

Vinte vezes a lua prateada
Inteira o rosto seu mostrado havia,
Quando um terrível mal, que então sofria,
Me tornou para sempre desgraçada.

De ver o céu e o sol sendo privada,
Cresceu a par comigo a mágoa ímpia;
Desde a infância a mortal melancolia
Se viu em meu semblante debuxada.

Sensível coração deu-me a natura,
E a fortuna, cruel sempre comigo,
Me negou toda a sorte de ventura ;

Nem sequer um prazer breve consigo:
Só para terminar minha amargura
Me aguarda o triste, sepulcral jazigo.


 Suas lembranças  mostram uma infância triste, onde não se podia ver o sol, olhar o céu, e tudo que se tinha era a melancolia, com a capacidade de matá-la. Sem dinheiro e sem sorte para tê-lo, o que, possivelmente, poderia amenizar os impactos de toda essa mágoa guardada, ela se vê parada, apenas esperando a morte chegar.
A busca pela paz na temática religiosa, as discórdias são citadas no ambiente bíblico, enquanto que, cenários de pura guerra dominam todos os povos. Então, o destino se perde quando se busca o eterno, afirma. Espera-se que essa paz se edifique, e que os muros ali presentes caiam; e que a dificuldade de atravessar os lados acabe, com a tão sonhada união. Pede-se que, enfim, a paz chegue e se espalhe para todos, através das possíveis pontes, disseminando-se em todo o planeta, para acabar com toda dor e sofrimento.

  • ·         LIRA (Ildefonsa Laura César)
Quanto invejo da pastora
o viver simples e bom!
Mas a mim negou o fado,
não quis tivesse esse dom.
Aquela no
verde prado
seu rebanho vê pastar,
a natureza contempla,
que a deixa seus bens gozar.
Enquanto do sol ardente
deixa passar o calor,
cheirosas flores enrama
para dar ao seu amor.
Não fazem sua fortuna
vãs ilusões grandeza;
nem sofre cruéis motejos
 
 seu tratar com singeleza.
Cantando à borda do rio,
que banha alegre morada,
seus projetos executa
sem que seja censurada.
Isenta de austeras leis,
pensa, ri, brinca se quer.
Ignorando rigorismos
é feliz, onde estiver.
Pelos céus abençoados
vê seus dias, seus prazeres,
desempenhando mimosa
seus mais sagrados deveres.
Sua glória, em ser querida
e querer, funda somente.
Carinhosa tem carinhos,
e vive assim bem contente.
Ai de mim! A quem a sorte
de tão altos bens privou,
ditosos dias ainda
comigo não compartilhou

Em todas as expressões se pode notar o anseio pela liberdade e falta de censura. Propositalmente, a crítica é à atual época onde as poetas mulheres na época eram desconsideradas.
A vida que se almeja é simples, como a da pastora que vê o rebanho pastar e pode contemplar a natureza normal e livremente, cantando à beira do rio e sem nenhum tipo de preocupação; e que pode ser feliz onde estiver, enquanto que o eu lírico sequer teve a sorte de ter alguma ventura.



Palavras da crítica:

As mulheres poetas eram totalmente desconhecidas, era como se nenhuma delas existisse como poeta em sua época portanto não há textos de críticos falando sobre seus trabalhos.


Bibliografia:

Coelho, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras: (1711-2001) / Nelly Novaes Coelho. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.
Poesia da Delfina: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grade_sul/delfina_benigna_da_cunha.html 
Poesia da Ildefonsa: Anais do VII Seminário Internacional e XVI Seminário Nacional Mulher e Literatur/org. André Tessaro Pelinser...[et al.].– Caxias do Sul, RS : Educs, 2016. Disponível em: https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/anais-seminario-mulher-literatura2015_2.pdf
 

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